Autoestima
É tudo uma questão de amor-próprio?
Existe uma crença de que autoestima vem “de dentro”. Algo que temos, ou não temos, independentemente de outras pessoas. Será?
A autoestima é construída ao longo da vida, e não é meramente se achar “bonito ou feio”.
Ela está relacionada ao autoconceito sobre a inteligência, a aparência e a capacidade de exercer determinados comportamentos.
É como a pessoa percebe a si mesmo.
Então, quando uma pessoa não se acha suficientemente inteligente ou suficientemente bonita, isso é sempre algo que “depende dela mesma”?
Entendemos na psicologia que somos seres sociais, que modificamos o mundo e somos modificados por ele.
Na percepção sobre nós mesmos, não é diferente. Se o nosso meio — escola, família, mídia, faculdade, trabalho — nos ensina que somos capazes, espertos e atraentes, existe uma grande probabilidade de assimilarmos esses conceitos e tomá-los como verdade.
O mesmo acontece para o caminho inverso. É muito comum que adolescentes e adultos sintam que não são “bons suficientes”. — Que não são bonitos ou desejáveis, ou até dignos de ser amados. Que não são bons estudantes ou profissionais, que não são inteligentes.
E na grande maioria das vezes, existe um ambiente que invalidou ou invalida essas pessoas de forma recorrente. Que, de alguma forma, disse pra essa pessoa que ela não era boa o suficiente.
E o que acontece quando não estamos conscientes das nossas próprias potências, características e habilidades? Nos relacionamos com o mundo de formas prejudiciais a nós e aos outros.
A baixa autoestima está ligada a casos de ansiedade e depressão, assim como deixa o indivíduo mais vulnerável a relacionamentos abusivos.
Autoestima e relacionamentos abusivos: estariam esses relacionados?
Existe uma concepção equivocada de que pessoas “bem resolvidas” não se envolvem em relacionamentos abusivos. Spoiler: não é bem assim.
Entendemos que uma pessoa com uma autoestima satisfatória tem menor probabilidade de se envolver em um relacionamento abusivo.
Isso pois essa pessoa tem maior potencial de perceber que ela não merece ser agredida e pode encontrar felicidade na solitude.
Assim como reconhece que pode encontrar outra pessoa que a ame, visto que ela é digna de ser amada.
Enquanto uma pessoa com baixa autoestima, ao perceber o companheiro ou a companheira lhe tratando de forma abusiva pode acreditar que de alguma forma ela merece isso, ou que ela estaria pior sozinha.
No entanto, até uma pessoa com uma boa autoestima pode se envolver em um relacionamento abusivo.
Mas por quê? Leia mais na sessão de relacionamentos.
Como a terapia pode melhorar sua autoestima?
Identificando e tomando consciência dos seus pontos altos e baixos.
Ninguém é perfeito. Você tem defeitos. Encarar eles pode melhorar sua autoestima.
“Mas como assim? Já me sinto mal por 100 coisas diferentes em mim e tenho que achar mais?!”
Muitas vezes, nessas 100 coisas, 80 estão equivocadas ou desproporcionais. Quando você coloca seus reais defeitos no mesmo lugar que crenças desalinhadas com a “realidade” (a TCC chama de crenças disfuncionais) não tomamos consciência dos impactos desses defeitos mas nossas vidas.
Enquanto psicóloga, acredito que mais importante que nos tornarmos conscientes de nossos defeitos, é nos tornarmos conscientes de nossas potencialidades. Daquilo que somos e podemos fazer de benéfico para nós mesmos e para o mundo.
Ninguém é um pacote de erro. Essa é uma intervenção insubstituível no processo terapêutico.
É a busca pelo tesouro perdido, que nada tem de perdido, e sim de escondido. Terapia é brincar de esconde-esconde.